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Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Quais fatores estão relacionados com a infertilidade feminina?

Atualizado: 21 de nov. de 2022


De modo geral, a infertilidade diz respeito à incapacidade de engravidar após 12 meses de relações sexuais regulares desprotegidas. Aproximadamente, 85% dos casais inférteis possuem uma causa identificável de infertilidade, enquanto os 15% restantes têm uma causa inexplicável. Nesse contexto, segundo a OMS, entre 8.500 casais são inférteis, sendo que 37% dos casos aconteceram por um fator feminino.


Ainda assim, a idade é um dos fatores mais significativos associados à infertilidade, mas o estilo de vida e fatores ambientais, como tabagismo e obesidade, podem favorecer esse quadro. Outrossim, a fecundidade, capacidade de alcançar a gravidez em ciclo menstrual, diminui à medida que as mulheres envelhecem, bem como enfrentam um risco aumentado para os distúrbios que contribuem para a infertilidade, como a endometriose. À vista disso, mulheres com 35 anos ou mais são consideradas inférteis após um período de 6 meses ou menos de relações sexuais frequentes e desprotegidas, e com isso devem ser avaliadas quanto a problemas de infertilidade.


Disfunção Ovulatória e Anovulação


Estudos mostram que os distúrbios ovulatórios são responsáveis por aproximadamente 25% dos diagnósticos de infertilidades. Assim, deve-se suspeitar de anovulação quando os ciclos menstruais ocorrem de forma irregular, isto é, em ciclos menores que 21 ou maiores que 35 dias, assim como quando se relata sangramento uterino anormal ou amenorreia.


A causa mais comum de anovulação é a síndrome dos ovários policísticos, a qual afeta 70% das mulheres com anovulação, bem como mulheres que apresentam o índice de massa corporal (IMC) maior que 27, quando comparadas com mulheres de IMC normal. Além disso, a disfunção ovulatória também pode ocorrer como resultado de qualquer distúrbio no eixo hipotálamo-hipofisário. A disfunção nesse eixo, inclui exercícios intensos, distúrbios alimentares, estresse extremo, hiperprolactinemia, adenomas hipofisários ou doença autoimune. Ademais, alguns medicamentos estão associados a essa disfunção o que inclui antidepressivos, antipsicóticos, corticosteroides e agentes quimioterápicos.


Infertilidade tubária


Definida como trompas de falópio bloqueadas ou pela incapacidade das trompas de pegar um ovócito do ovário devido a aderências pélvicas, a infertilidade tubária representa, dependendo da população estudada, entre 11 e 67% dos diagnósticos de infertilidade. Nesse sentido, a causa mais comum se deve para as mulheres com histórico recorrente de infecção sexualmente transmissível.


Endometriose


A endometriose afeta entre 25 e 40% das mulheres com infertilidade e é definida como a presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina. As mudanças hormonais do ciclo menstrual afetam o tecido endometrial deslocado, fazendo com que a área em questão fique inflamada e dolorida.


Reserva ovariana diminuída


A reserva ovariana diminuída se refere a perda progressiva de folículos e oócitos por conta da idade, o qual desencadeia em um declínio da fecundidade. Os fatores relacionados a esse declínio da reserva ovariana, se relacionam a história de cirurgia ovariana, quimioterapia, radioterapia com exposição aos ovários, história familiar de menopausa prematura ou pré-mutação do X frágil.


Fatores uterinos e cervicais


Por fim, as anormalidades relacionadas à cavidade uterina associam-se aos desfechos adversos da gravidez, como o aborto espontâneo e o aborto prematuro. Acerca deste tema, os fatores que distorcem a cavidade uterina incluem pólipos endometriais, leiomiomas, sinéquias intrauterinas e malformações uterinas congênitas, como útero septado. Ademais, a infertilidade relacionada ao fator cervical é definida como uma anormalidade anatômica, por conta da cicatrização pós-cirúrgica ou diminuição da mucosa cervical, a qual interfere na progressão natural dos espermatozoides para o útero.



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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CARSON, Sandra Ann, KALLEN, Amanda. Diagnosis and Management of Infertility: A Review. JAMA, vol. 326,1 (2021): 65-76. doi: 10.1001/jama.2021.4788


CUNNINGHAM, J. Infertility: A primer for primary care providers. JAAPA, 2017 Sep;30(9):19-25. doi: 10.1097/01.JAA.0000522130.01619.b7

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