O tecido ósseo é um tecido extremamente dinâmico, que, em condições saudáveis, está em constante processo de renovação. Dois tipos celulares presentes nos ossos são responsáveis por esse dinamismo: os osteoblastos, células responsáveis pela produção da matriz orgânica óssea; e os osteoclastos que, na direção oposta, realizam a absorção da matriz, processo importante para a remodelação óssea. Na idade adulta, por volta dos 30 anos, atingimos um pico de densidade óssea, e a partir daí, esta começa a se degradar.
Tal fato demonstra a importância de que, em todo o período anterior a esse momento, possamos garantir o máximo de mineralização dos ossos. Porém, nem tudo está perdido! É possível desacelerar a perda da densidade e da massa óssea e evitar o risco de osteopenia e osteoporose, condições que enfraquecem os ossos e aumentam a prevalência de quedas e fraturas.
Para isso, é preciso estimular a atividade dos osteoblastos, aumentando o processo de mineralização e, consequentemente, a manutenção da massa e densidade óssea. O exercício físico é uma das maneiras de gerar os estímulos mecânicos necessários para tal. Diferentes tipos de atividade imprimem vários tipos de cargas mecânicas sobre os ossos, como tensão e compressão, por exemplo. E esse tipo de estímulo já demonstrou ter efeitos na redução da perda óssea, além de possivelmente aumentar a força dos ossos.
O tecido ósseo responde preferencialmente aos estímulos mecânicos que induzem deformações de maior magnitude na matriz, em altas taxas e frequências, e exercícios que envolvem cargas são vitais. É por isso que a musculação é o tipo de modalidade recomendada como complementar e necessária para atletas e indivíduos que se engajam em diferentes atividades, como um fator de proteção para os ossos. Exercícios multiarticulares e de impacto devem fazer parte das planilhas de treinamento daqueles que desejam prevenir a perda óssea. Um exemplo de exercício completo para tal fim é o agachamento.
Um estudo realizado com mulheres pós menopausa, que apresentavam densidade óssea baixa ou muito baixa, comparou os impactos em parâmetros ósseos entre um programa de treinamento de resistência de alta intensidade e impacto contra um planejamento de exercícios de baixa intensidade, e os resultados favoreceram o grupo exposto ao treino de maior impacto. É válido pontuar que a supervisão e acompanhamento foram essenciais para evitar qualquer prejuízo para as participantes.
Outras referências corroboram com os benefícios da atividade de alto impacto nas diferentes fases da vida, e ao olhar para os mecanismos envolvidos, existe uma regulação hormonal importante no processo. Hormônios como estrógeno, paratireóide e glicocorticóides são chave na remodelação e metabolismo ósseo e parecem ser regulados pela prática física.
É de suma importância que tais programas de treinamento sejam realizados com supervisão de profissional da área, de modo a serem adaptados para as condições e limitações individuais, como a idade. Além disso, a adequação nutricional potencializa os efeitos benéficos do exercício na saúde óssea, sendo o consumo de cálcio, vitamina D e proteínas essencial para melhora e manutenção dos parâmetros de densidade dos ossos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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