O estrogênio é um hormônio esteróide que controla vários aspectos na saúde feminina e até mesmo na saúde masculina. Nesse sentido, esse hormônio desempenha inúmeras funções vitais, assim, quando falamos tanto no aumento quanto na baixa do nível de estrogênio, podemos dizer que essa reação pode ser um gatilho inclusive para doenças autoimunes, metabólicas, neurais e específicas de gênero, logo, alterações nos níveis fisiológicos de estrogênio podem sim ser prejudiciais para a saúde. Além disso, os níveis do estrogênio no corpo variam de pessoa para pessoa, sendo que, vários fatores contribuem para essa diferença interpessoal. Outrossim, podemos dar o exemplo da puberdade - fase na qual os níveis de estrogênio são altos nas mulheres.
Nesse sentido, quando se fala sobre o excesso de estrogênio em relação à progesterona no organismo, estamos nos referindo à predominância estrogênica. Ou seja, essa predominância pode ser resultado de uma superprodução de estrogênio pelo corpo, alterações no metabolismo e excreção de estrogênio o que leva a um desequilíbrio na proporção entre estrogênio e progesterona no organismo. Além disso, a literatura mostra que muitas condições podem estar associadas ou, até mesmo, exacerbadas por esse perfil hormonal, são elas o câncer de mama e de útero, miomas, endometriose e síndrome do ovário policístico.
De modo geral, o corpo produz três tipos de estrogênios: a estrona que é produzida em maior quantidade pelo tecido adiposo, além de ser o principal tipo de estrogênio presente no organismo após a menopausa; já o estradiol, presente no corpo antes da menopausa, é o mais potente e é produzido pelos ovários; e o estriol, considerado o estrogênio mais fraco que está presente no corpo principalmente durante a gravidez. Diante disso, é importante falar que no nosso corpo possui dois tipos de receptores principais para o estrogênio se ligar, aos receptores alfa e beta que estimulam e inibem o crescimento celular, respectivamente. Assim, cada tipo de estrogênio liga-se com uma afinidade única nesses receptores, o que resultará em uma inibição ou proliferação celular.
À vista disso, é importante destacar que, assim como o estrogênio desencadeia efeitos diretos e importantes no organismo, o mesmo se aplica aos seus metabólitos. Por via de regra, o estrogênio vai se dividir em duas vias metabólicas e originar dois metabólitos diferentes e com funções distintas no organismo, sendo eles a 2-hidroxiestrona e a 16-hidroxiestrona. Em relação a primeira, ela traz vários benefícios para a saúde, na qual trabalha para bloquear os estrogênios mais fortes que promovem a proliferação celular e o possível crescimento de células tumorais; enquanto a segunda se refere a inflamação, níveis excessivos de ácidos graxos ômega-6, obesidade e hipotireoidismo. Vale ressaltar que uma pequena quantidade do estrogênio é metabolizada em 4-hidroxiestrona, o qual acredita-se estar associada à danificação do DNA.
Mas porque tudo isso é importante? É simples, por essas razões, quando há um equilíbrio na produção do estrogênio de forma saudável, temos a estimulação da 2-hidroxiestrona, e observamos um desfecho importante para a saúde da mulher. Uma vez que, ela trabalha para bloquear os estrogênios que promovem a proliferação celular, além de um possível crescimento de neoplasias, como dito anteriormente.
Por fim, alterações no estilo de vida podem estar associadas a uma mudança para a via metabólica que tem como metabólito a 2-hidroxiestrona. Por isso, é importante praticar exercícios físicos diariamente para manter um peso saudável, pois este ajuda a diminuir o risco de resistência à insulina e da síndrome metabólica - fatores associados ao aumento da quantidade de estrogênio e na quantidade de mediadores inflamatórios. Além disso, os hábitos alimentares também influenciam a secreção desse hormônio, ou seja, o consumo de alimentos vegetais, especialmente num contexto plant based, está associado a excreção fecal de estrogênio, equilibrando os níveis séricos, devido a presença de fibras na dieta. Além disso, outro ponto de destaque se relaciona ao estresse que pode interromper o equilíbrio de estrogênio e progesterona no corpo, pois o cortisol, hormônio do estresse, tem como precursor a progesterona e com seu aumento, observa-se a redução da progesterona.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
KOLAN, A.. Estrogen Dominance. U.S. Department of Veterans Affairs, 2022. Disponível em: <https://www.va.gov/WHOLEHEALTHLIBRARY/docs/Estrogen-Dominance-508.pdf>.
PATEL, S., et. al.. Estrogen: The necessary evil for human health, and ways to tame it. Biomed Pharmacother. 2018 Jun;102:403-411. doi: 10.1016/j.biopha.2018.03.078. Epub 2018 Mar 22. PMID: 29573619.
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