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Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

O que são miocinas? Efeitos metabólicos e sistêmicos.

Atualizado: 22 de nov. de 2022


Os benefícios dos exercícios físicos são diversos e muitos deles são bem elucidados. Tratamento e melhora do prognóstico de doenças crônicas, redução do peso, aumento de massa muscular, melhora da capacidade cardiorrespiratória, entre outros. Além disso, muito tem se estudado nas últimas décadas sobre as substâncias liberadas durante a contração muscular, anteriormente chamadas de “fatores do exercício”, e os seus efeitos sistêmicos. A esses fatores atribuiu-se o nome miocinas (ou, no inglês, miokynes).


A primeira miocina descoberta é a interleucina 6 ( IL-6). Algumas pessoas com informações sobre imunologia básica podem estar se perguntando qual seria o benefício da liberação de uma citocina pró inflamatória para nós. Entretanto, tem-se demonstrado que quando a IL-6 é liberada anteriormente e independente do TNF-α (fator de necrose tumoral ), desempenha uma ação anti-inflamatória sistêmica, inclusive, inibindo a ação de outras citocinas pró inflamatórias, como o próprio TNF-α.


Além disso, essa miocina desempenha importante papel na hipertrofia muscular, no aumento do gasto energético – por meio do escurecimento do tecido adiposo marrom – e no controle da glicemia. Diante disso, são notórios os benefícios metabólicos da liberação desse sinalizador para pacientes com sarcopenia, diabetes e obesos, por exemplo.


Outras miocinas foram descobertas após a IL-6, como IL-15, IL-8, miostatina e irisina. A irisina, por sua vez, ganhou grande relevância a ponto de ser chamada popularmente de “hormônio do exercício”. Dentre as suas ações estão: resgate da neuroplasticidade, melhora da memória, podendo ser usada para tratar e para prevenir doenças como o Alzheimer. Esse hormônio ainda tem sido associado em alguns estudos à supressão de alguns tipos de câncer, como o câncer de mama e também ao tratamento de doenças ósseas, como a osteoporose.


Em razão dessas descobertas, muitos pesquisadores e médicos já consideram o músculo como o maior órgão endócrino do corpo humano. Ademais, os seus sinalizadores (miocinas) produzidos com a sua contração possuem ações autócrinas, parácrinas e endócrinas, isto é, desempenham a sua função tanto em locais próximos de sua produção como em órgãos e tecidos distantes. As implicações benéficas dessas substâncias não se limitam, portanto, a uma região específica, o que evidência a relevância do exercício físico para o aprimoramento (não só manutenção) da saúde humana. Nesse sentido, a cada dia, tal como os medicamentos, a atividade física tem ganhado peso no tratamento a ponto de ser prescrita, ainda que seja inicialmente “amarga” para alguns.


Referência:

SEVERINSEN, Mai . Muscle–Organ Crosstalk: The Emerging Roles of Myokines. Endocrine Reviews. 2020. 16 p. Disponível em: https://journals.humankinetics.com/configurable/content/journals$002fijsnem$002f28$002f4$002farticle-p316.xml?t:ac=journals%24002fijsnem%24002f28%24002f4%24002farticle-p316.xml. Acesso em: 14 out. 2021.


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