A hipertrofia muscular é um processo complexo e influenciado por múltiplos fatores, externos e internos, os quais interagem entre si de modo a promover o crescimento em volume das células musculares. Caso alguns desses fatores sejam afetados, o processo hipertrófico também terá prejuízos em maior ou menor grau.
Fatores externos:
O treinamento é um fator que, se administrado de forma errada, pode interferir negativamente na hipertrofia do indivíduo. Isso porque, apesar de o treinamento – em especial o treino resistido com pesos – ser um estímulo – um "estressor"– necessário para sinalizar o processo de construção muscular, há uma dose ideal para que essa resposta hipertrófica ocorra. Em outras palavras, o estresse metabólico deve ocorrer de forma bem programada, a fim de proporcionar um estímulo forte o suficiente para promover uma resposta adaptativa positiva.
Em condições ideais, o stress metabólico na medida correta gera:
Incremento do recrutamento de fibras musculares
Aumento de liberação hormonal
Liberação de miocinas (como IL-6 e irisina)
Produção de EROs
Aumento de volume celular (hipertrofia)
O excesso desse estresse oxidativo gera uma carga alostática, isto é, um estímulo exacerbado que impossibilita uma resposta adaptativa positiva (hipertrofia). Como resultado, podem ocorrer situações potencialmente prejudiciais para a saúde, como o overtraining e a rabdomiólise.
Uma vez ajustado o treinamento, com a intensidade e o volume adequado às individualidades, também deve-se atentar a outros fatores externos para que ocorra a hipertrofia:
A nutrição é um dos fatores mais importantes para a promoção da hipertrofia. O fornecimento de um aporte energético adequado, com um superávit calórico controlado é fundamental para que ocorram ganhos substanciais de massa muscular. Um dos nutrientes mais importantes para que a hipertrofia ocorra é a proteína. Nesse sentido, fornecer um aporte adequado de proteína, com os aminoácidos essenciais, na proporção correta para o perfil do indivíduo significa ofertar o substrato necessário para que a síntese protéica e, portanto, a construção de músculos ocorra. Caso isso não ocorra, a resposta ao estímulo de sinalização proporcionado pelo exercício físico será impossibilitada.
Por fim, o descanso também compõe esse grupo dos fatores externos que influenciam na hipertrofia muscular. Em especial o sono, controlado pela melatonina, permite a secreção de hormônios e a ativação de vias metabólicas anabólicas, fundamentais para o processo de hipertrofia. No entanto, uma noite de sono mal dormida pode determinar a estagnação dos ganhos ou até mesmo o estabelecimento de um ambiente interno altamente desfavorável para a hipertrofia em razão do aumento de hormônios ativadores de vias catabólicas.
2. Fatores internos:
Diversas são as causas internas que podem impossibilitar a estagnação do processo de hipertrofia. Naturalmente, alguns indivíduos podem ter dificuldade de responder aos estímulos do treino resistido em razão de uma predisposição genética. No entanto, é importante salientar que existem estratégias potentes para melhorar essa resposta e viabilizar o processo de ganho de massa muscular.
Problemas endócrinos, como hipogonadismos, podem estar relacionados com respostas diminutas ao treinamento e à nutrição. Nesses casos, é importante consultar um médico especialista para traçar as estratégias terapêuticas mais adequadas.
A idade também é um fator que naturalmente interfere na hipertrofia muscular. Homens e mulheres, a partir do momento em que há uma redução na produção de hormônios anabólicos, como a testosterona, terão mais dificuldade em ter ganhos de massa muscular, muito embora isso não seja um fator limitante.
Referências:
SCHOENFELD, Brad . Postexercise hypertrophic adaptations: a reexamination of the hormone hypothesis and its applicability to resistance training program design. 2013. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23442269/. Acesso em: 1 jan. 2022.
GOMES, Mariana . Skeletal muscle aging: influence of oxidative stress and physical exercise. 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5386774/. Acesso em: 1 jan. 2022.
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