Os xenobióticos são compostos químicos estranhos ao organismo humano. Eles são produzidos pela indústria ou pela natureza, através de vegetais e fungos. Podem ser enquadrados em diversas categorias, como por exemplo, pesticidas, agrícolas, inseticidas, plásticos, produtos de limpeza e fármacos.
A sociedade utiliza esses compostos regularmente, sob várias formas, inclusive como medicamentos e antibióticos. Atualmente a ciência busca aperfeiçoar o uso de medicamentos estudando todas as possíveis interações com o organismo humano, pois os indivíduos respondem de maneira diferente sob ação de determinadas drogas, sendo que os xenobióticos têm trazido um alto potencial de risco para humanos e animais.
Inseticidas, por exemplo, trazem um alto risco de intoxicação por meio de alimentos, água e ar. Os compostos organoclorados (OCPs) são um dos pesticidas importantes e são usados a anos, o problema é que esses compostos não são eliminados de forma eficiente pelo corpo humano e podem se acumular nos tecidos devido à reabsorção entero-hepática e à afinidade com o tecido adiposo.
Recentemente, foi observado um aumento na incidência de doenças infantis como câncer, diabetes, desordens neurocomportamentais e desregulação endócrina em crianças de zona rural, e isso parece estar associado com agentes químicos como os xenobióticos.
Um aspecto importante a ser levado em consideração quando o assunto é xenobióticos, é como eles serão metabolizados pelo organismo. Em sua maioria, eles são metabolizados no fígado através de enzimas. Entretanto, o intestino abriga microrganismos com papel crucial no metabolismo. Elas realizam um processo chamado biotransformação, na qual um determinado composto sofrerá uma alteração química ou estrutural importante.
Os efeitos dessa biotransformação ainda não são totalmente conhecidos e muitos estudos estão sendo realizados para saber como isso pode variar entre indivíduos de diferentes idades, etnias, hábitos alimentares e ambiente em que vivem. Já é sabido que as bactérias podem neutralizar os medicamentos, fazendo com que não tenham nenhum efeito no organismo ou podem transformá-los em outras substâncias, às vezes tornando o resultado contrário ao esperado.
Os xenobióticos são geralmente metabolizados para atingir os tecidos-alvo ou são excretados pelo organismo. Assim, os fatores que mediam a biotransformação dos xenobióticos podem afetar as funções e a toxicidade dos xenobióticos. Foi demonstrado que os xenobióticos induzem a microbiota intestinal a expressar genes relacionados ao metabolismo dos xenobióticos, mesmo durante a exposição a curto prazo.
Contudo, os xenobióticos podem afetar o perfil do microbioma intestinal e criar mudanças funcionais no microbiota intestinal, e biotransformações pelo microbiota intestinal em metabólitos que podem ser mais ou menos tóxicos.
Outros fatores como genética, dieta e distúrbios preexistentes podem perturbar a relação xenobióticos-microbioma intestinal de maneira positiva ou negativa. A maioria dos estudos publicados visa caracterizar as alterações das estruturas da comunidade do microbioma intestinal após a exposição a xenobióticos, e espera-se que estudos futuros se concentrem mais em decifrar o impacto funcional dessas alterações do microbioma induzidas pela exposição no organismo humano.
Referências:
Lu K, Mahbub R, Fox JG. Xenobiotics: Interaction with the Intestinal Microflora. ILAR J. 2015;56(2):218-27. doi: 10.1093/ilar/ilv018. PMID: 26323631; PMCID: PMC4654756.
Zhu Y, Boye A, Body-Malapel M, Herkovits J. The Toxic Effects of Xenobiotics on the Health of Humans and Animals. Biomed Res Int. 2017;2017:4627872. doi: 10.1155/2017/4627872. Epub 2017 Mar 29. PMID: 28466010; PMCID: PMC5390638.
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