Os microrganismos que habitam o nosso intestino formam a microbiota – ou microbioma – intestinal. A qualidade desse microbioma depende da quantidade e das espécies de microrganismos que o habitam.
Quando em equilíbrio, a microbiota exerce inúmeras funções, dentre elas podemos destacar: formação de uma barreira de proteção contra patógenos, inibição da proliferação de microrganismos patogênicos, fermentação de parte dos alimentos que não foram digeridos, fornecimento de energia para que as células do intestino se mantenham íntegras e participação na síntese da serotonina – conhecida como hormônio da felicidade.
Quando em desequilíbrio, a microbiota não é capaz de proporcionar esses benefícios ao hospedeiro. Nesse caso há um enfraquecimento da barreira intestinal e, consequentemente, um aumento da permeabilidade intestinal, que permite a translocação de toxinas para o organismo, promovendo uma inflamação local e sistêmica. Essas alterações estão associadas a excesso de peso, resistência à insulina, diabetes, depressão, ansiedade, doenças inflamatórias intestinais e outras doenças crônicas.
A microbiota é dinâmica e sofre modificações por hábitos de vida, tais como: tabagismo, consumo de bebida alcoólica, alimentação, prática de atividades físicas e uso de medicamentos.
O uso de antibióticos, por exemplo, pode reduzir a diversidade bacteriana e prejudicar a fermentação de restos alimentares. Diante disso, há redução da síntese de ácido graxo de cadeia curta (AGCC), o que contribui para o desequilíbrio da microbiota.
A prática regular de atividade física com intensidade moderada favorece a síntese de AGCC pela microbiota e fortalece a barreira intestinal. Entretanto, atividades extenuantes podem aumentar a inflamação no intestino.
Testes de sequenciamento genéticos, realizados a partir de amostra de fezes, podem ser realizados para identificar quais bactérias habitam o microbioma humano. A partir do laudo desses exames é possível conhecer as bactérias benéficas, as bactérias potencialmente patogênicas, a relação entre os filos Bacteroides/Firmicutes e a diversidade bacteriana.
O exame é recomendado principalmente para aquelas pessoas que sentem desconforto intestinal, mas ainda não receberam o diagnóstico e o tratamento adequados. O diagnóstico precoce do desequilíbrio da microbiota (disbiose) minimiza os riscos de desenvolvimento de doenças associadas a essa condição clínica. Afinal, com o diagnóstico é possível buscar alternativas para recuperar a integridade da barreira intestinal e recompor o microbioma.
Atualmente, é possível fazer esse exame em laboratórios espalhados por todo Brasil. Alguns, inclusive, enviam e recebem o material coletado via correios. Entretanto, como o exame envolve uma tecnologia muito avançada, os custos ainda não são acessíveis para toda a população.
Você já fez esse exame? Tem vontade de fazer? Converse com o seu médico, ele vai analisar os possíveis benefícios para o seu caso específico.
Fasano, Alessio. “All disease begins in the (leaky) gut: role of zonulin-mediated gut permeability in the pathogenesis of some chronic inflammatory diseases.” F1000Research vol. 9 F1000 Faculty Rev-69. 31 Jan. 2020, doi:10.12688/f1000research.20510.1
Castaner O, Goday A, Park YM, Lee SH, Magkos F, Shiow STE, Schröder H. The Gut Microbiome Profile in Obesity: A Systematic Review. Int J Endocrinol. 2018 Mar 22;2018:4095789. doi: 10.1155/2018/4095789. PMID: 29849617; PMCID: PMC5933040.
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