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VocĂȘ sabia que emagrecer pode ajudar na fertilidade feminina?

  • Foto do escritor: Dra Maria AmĂ©lia BogĂ©a
    Dra Maria Amélia Bogéa
  • 21 de nov. de 2022
  • 3 min de leitura

A obesidade Ă© uma epidemia global que afeta 600 milhĂ”es de adultos em todo o mundo, incluindo as mulheres na idade reprodutiva que compreendem 23% dessa coorte. A obesidade, pode impactar de vĂĄrias formas o corpo feminino, como uma maior incidĂȘncia de irregularidade menstrual, patologia endometrial e infertilidade, bem como maiores taxas de complicaçÔes na gravidez, o que inclui distĂșrbios hipertensivos, diabetes gestacional, parto prematuro e taxas de cesariana.


A obesidade afeta o eixo hipotĂĄlamo-hipĂłfise-ovariano (HHO), ou seja, os maiores nĂ­veis de insulina circulante estimula o aumento da produção de andrĂłgenos ovarianos, os quais sĂŁo aromatizados em estrogĂȘnios, apresentando altas taxas na periferia por conta do excesso de adiposidade. ConsequĂȘncia disso, Ă© o feedback negativo no eixo em questĂŁo afetando a produção de gonadotrofinas que se manifestam como anormalidades menstruais e disfunção ovulatĂłria.


VĂĄrios estudos mostram que a obesidade pode aumentar o tempo de gravidez, alĂ©m de um declĂ­nio das taxas de fecundidade com o aumento do Ă­ndice de massa corporal (IMC). Em relação Ă  fertilização in vitro, mulheres obesas tĂȘm oĂłcitos menores que sĂŁo menos propensos a fertilizar normalmente, bem como a menor taxa de nascidos vivos que parece se relacionar com o aumento do IMC.


Obesidade no eixo HHO, oĂłcito e embriĂŁo


A obesidade afeta a regulação do eixo HHO! Mulheres obesas, possuem maiores níveis de leptina circulante, proteína denominada adipocina produzida pelo tecido adiposo, do que pessoas com o peso dentro da normalidade, o que pode levar a uma desregulação crÎnica desse receptor no cérebro. Logo, essas altas concentraçÔes de leptina associada a razão leptina-IMC elevados estão associadas a menores taxas de gravidez com fertilização in vitro.


A produção de oĂłcitos Ă© menor em mulheres obesas, alĂ©m de apresentarem uma maior taxa de cancelamento do ciclo. Um dos mecanismos potenciais para danos nas organelas oocitĂĄrias na obesidade Ă© a lipotoxicidade. Normalmente, os ĂĄcidos graxos obtidos dieteticamente sĂŁo armazenados como triglicerĂ­deos nos adipĂłcitos, o quais nĂŁo parecem causar danos celulares. Apesar disso, mulheres obesas tĂȘm nĂ­veis elevados de ĂĄcidos graxos livres circulantes, que danificam as cĂ©lulas que nĂŁo sĂŁo adiposas, aumentando as espĂ©cies reativas de oxigĂȘnio, as quais induzem o estresse mitocondrial e do retĂ­culo endoplasmĂĄtico, levando Ă  apoptose.


Ademais, os nĂ­veis elevados de leptina em mulheres obesas estĂĄ associado a nĂ­veis mais elevados desse hormĂŽnio no lĂ­quido folicular. Estudos in vitro mostram que leptina afeta as vias esteroidogĂȘnicas nas cĂ©lulas da granulosa, o que diminui a produção de estrogĂȘnio e progesterona de forma dose-dependente. Isso, a nĂ­vel do oĂłcito, pode apresentar efeitos na receptividade endometrial e na implantação do embriĂŁo.


AlĂ©m de tudo, mulheres obesas tambĂ©m sĂŁo mais propensas a criar embriĂ”es de baixa qualidade, isto Ă©, a literatura mostra que embriĂ”es de mulheres com IMC maior que 25k g/mÂČ foram menos propensos a desenvolver apĂłs a fertilização. Bem como aqueles que atingiram estĂĄgio de blastocisto, apresentaram menos cĂ©lulas no trofectoderma, uma baixa captação de glicose, aumento dos nĂ­veis de triglicerĂ­deos e que podem ser ser suscetĂ­veis Ă  lipotoxicidade, como no caso o oĂłcito.


Perda de peso: impacto na obesidade e fertilidade


Os dados encontrados na literatura sobre o efeito do emagrecimento em mulheres obesas que desejam engravidar, são mistos. Apesar disso, em um estudo em que se observou 170 mulheres submetidas à fertilização in vitro, a perda de peso a curto prazo foi associada a um maior rendimento de oócitos metåfase II.


Em outro estudo, mulheres com infertilidade, no estado de sobrepeso ou obesidade, foram encaminhadas para um aconselhamento para a perda de peso, com uma meta de 10%. O total de 32% das participantes que atingiram a meta de perda de peso, tiveram a concepção e a taxa de nascidos vivos significativamente mais altas. Outro exemplo, são mulheres randomizadas para o tratamento de fertilidade com uma intervenção no estilo de vida de 12 semanas que tiveram uma perda de peso média de 6,6 kg, a qual foi associada a uma taxa de nascidos vivos maior quando comparada ao grupo controle.


Ademais, outros métodos que estão relacionados ao emagrecimento também podem melhorar a fecundidade! Mulheres que praticam atividade física moderada são associadas a um pequeno aumento na fecundidade, bem como o aumento da adesão a uma dieta mediterrùnea, estå correlacionado com uma maior chance de gravidez. Além disso, em um estudo com 195 pacientes do sexo feminino com histórico de cirurgia bariåtrica, foi mostrado que 71% delas, que eram anovulatórias antes da cirurgia, recuperaram a menstruação normal, e isso se correlacionou com um maior grau de perda de peso.


Em síntese, é evidente que o impacto da obesidade no risco de subfertilidade e que intervençÔes que incluem o emagrecimento, atividade física, modificação da dieta e cirurgia bariåtrica, são promissoras para mulheres com obesidade que desejam conceber, mostrando assim que emagrecer pode ajudar na fertilidade feminina.


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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Broughton, Darcy; Moley, Kelle. Obesity and female infertility: potential mediators of obesity's impact. Fertility and sterility vol. 107,4 (2017): 840-847. doi: 10.1016/j.fertnstert.2017.01.017

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