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  • Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Você já ouviu falar em neurotransmissores?

Atualizado: 22 de nov. de 2022



O sistema nervoso processa informações sensoriais e controla o comportamento, realizando um grande número de conexões. Essas conexões ocorrem tanto dentro das células quanto entre as células, mas é o processamento da informação intercelular, envolvendo redes neurais complexas, que fornece ao sistema nervoso sua notável capacidade funcional.


As principais células envolvidas no processamento de informações são os neurônios, dos quais existem uma quantidade enorme de tipos de células individuais com base na morfologia, localização, conectividade e química.


Neurotransmissores

Os neurotransmissores desempenham importante papel na comunicação neural. Eles são mensageiros químicos que carregam mensagens entre as células nervosas (neurônios) e outras células do seu corpo, influenciando tudo, desde o humor até os movimentos involuntários. Este processo é geralmente conhecido como neurotransmissão ou transmissão sináptica.

Especificamente, os neurotransmissores excitatórios têm efeitos excitatórios no neurônio. Isso significa que eles aumentam a probabilidade de o neurônio disparar um sinal chamado potencial de ação no neurônio receptor.

Os neurotransmissores podem agir de maneiras previsíveis, mas podem ser afetados por drogas, doenças e interação com outros mensageiros químicos.


Mecanismo de funcionamento dos neurotransmissores

Para enviar mensagens por todo o corpo, os neurônios transmitem sinais para se comunicarem entre si. Mas não há conexão física um com o outro. Essa junção entre duas células nervosas é chamada de sinapse. Tem-se sinapses químicas e elétricas, que permitem o fluxo de íons entre as células através das junções comunicantes.

As diversas substâncias químicas que transportam informações entre os neurônios são chamadas de neurotransmissores. Os neurônios são especializados em receber, processar e transmitir informações, a informação é representada eletricamente dentro dos neurônios e quimicamente, por neurotransmissores, entre os neurônios. Uma vez que são liberados, os neurotransmissores se difundem pela sinapse e se ligam aos receptores pós-sinápticos.

Para se comunicar com a próxima célula por forma de sinapse elétrica, sinais elétricos simples passam entre os neurônios; já para se comunicar por forma de sinapse química, informações bioquímicas excitatórias, inibitórias e complexas passem entre as células, através de um neurotransmissor.


Atuação dos neurotransmissores

Os neurotransmissores afetam os neurônios de três maneiras distintas: eles podem ser excitatórios, inibitórios ou modulatórios.

  • Os neurotransmissores excitatórios têm efeitos excitatórios no neurônio. Isso significa que eles aumentam a probabilidade de o neurônio disparar um potencial de ação.

  • Os neurotransmissores inibitórios têm efeitos inibitórios no neurônio. Isso significa que eles diminuem a probabilidade de o neurônio disparar uma ação.

  • Os neurotransmissores modulatórios podem afetar vários neurônios ao mesmo tempo e influenciar os efeitos de outros mensageiros químicos.

Alguns neurotransmissores, como a dopamina , dependendo dos receptores presentes, criam efeitos excitatórios e inibitórios.


Serotonina

A serotonina é muito conhecida por seu papel em transmitir uma sensação de contentamento e felicidade. É uma das monoaminas mais exclusivas e farmacologicamente complexas no sistema nervoso periférico e no sistema nervoso central. Este neurotransmissor influi sobre quase todas as funções cerebrais, inclusive estimulando o sistema GABA (ácido gama aminobutírico) e, embora seja apenas um, entre centenas de outros neurotransmissores do cérebro, atualmente a serotonina é considerada um dos mais importantes deles. Os níveis de serotonina determinam se a pessoa está deprimida, propensa à violência, irritada, impulsiva ou gulosa.

A serotonina é muito conhecida por seu papel em transmitir uma sensação de contentamento e felicidade. É uma das monoaminas mais exclusivas e farmacologicamente complexa no sistema nervoso periférico e no sistema nervoso central, regula o desenvolvimento pré-natal e manutenção pós-natal da arquitetura do cérebro.

Assim como a serotonina pode elevar o humor e produzir uma sensação de bem-estar, sua falta no cérebro ou anormalidades em seu metabolismo têm sido relacionado a condições neuropsíquicas bastante sérias, tais como o Mal de Parkinson, distonia neuromuscular, Mal de Huntington, tremor familiar, síndrome das pernas inquietas, problemas com o sono, etc. Problemas psiquiátricos, tais como depressão, ansiedade, agressividade, comportamento compulsivo, problemas afetivos, dentre outros, também têm sido associados ao mau funcionamento do sistema serotoninérgico.

Dopamina

Também conhecido como o hormônio da "sensação de bem-estar", a dopamina é um importante neurotransmissor envolvido no controle da motilidade, nos mecanismos de recompensa, nas emoções e ainda em funções cognitivas e endócrinas.

A dopamina está envolvida em muitas funções do corpo, incluindo:

  • Digestão: A dopamina atua na digestão, auxiliando na regulação e liberação de insulina do pâncreas. Além disso, a dopamina tem um efeito protetor na mucosa do trato gastrointestinal, prevenindo úlceras pépticas (úlceras de estômago).

  • Excreção: Também afeta os movimentos do intestino delgado e do cólon para ajudar a movimentar os alimentos pelo sistema.

  • Sono: A dopamina pode inibir a norepinefrina (hormônio também conhecido como noradrenalina), fazendo com que o organismo tenha a sensação de alerta.

  • Memória e foco.

  • Humor e emoções.

Ocitocina

Frequentemente chamada de “ hormônio do amor ”, a ocitocina é essencial para o parto, amamentação e um forte vínculo entre pais e filhos. Esse hormônio também pode ajudar a promover a confiança, a empatia e o vínculo nos relacionamentos. Os níveis de ocitocina geralmente aumentam com a afeição física, como beijos, carícias e sexo.

A ocitocina é produzida pelo hipotálamo e secretada pela glândula hipófise (glândula localizada na parte inferior do cérebro). Nas mulheres, o hormônio desencadeia o parto e a descida do leite materno logo após o nascimento. Nos homens, a ocitocina ajuda a movimentar os espermatozóides, sendo essa movimentação essencial para garantir que o espermatozóide encontre o ovócito (gameta feminino) no interior do organismo feminino, desempenhando importante papel na reprodução humana.

A ocitocina, a dopamina e a serotonina são frequentemente chamadas de "hormônios da felicidade".


Endorfina

A palavra endorfina tem origem da junção das palavras “endógeno”, que significa de dentro do corpo, e “morfina”, que é um analgésico opiáceo. Em outras palavras, as endorfinas têm esse nome porque são analgésicos naturais.

As endorfinas consistem em um grande grupo de peptídeos. Eles são produzidos pelo sistema nervoso central e pela glândula pituitária. Como as endorfinas atuam nos receptores opiáceos no cérebro, elas reduzem a dor e aumentam o prazer, resultando em uma sensação de bem-estar.

As endorfinas são liberadas em resposta à dor ou ao estresse, mas também são liberadas durante outras atividades, como praticar atividade física e comer.


Referencias:

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