Você já parou para pensar em como o funcionamento do corpo humano é todo integrado? Em um estado saudável, todas as funções das diferentes células que compõem as diferentes partes do corpo acontecem alinhadas entre si. Caso se desconectem, todo o equilíbrio do organismo fica em risco. Mas como explicar essa “comunicação” entre células tão distantes? Como cada uma dessas células é acionada para exercer sua função específica, em um determinado momento, em uma dada intensidade e coordenada com o que acontece no resto do corpo?
A interrelação entre as atividades de todas as células, órgãos e sistemas acontece graças à coordenação que é feita por alguns tipos de mensageiros químicos.
Considere esses mensageiros como substâncias que são produzidas pelas células em um determinado órgão para sinalizar que alguma atividade precisa ser realizada - naquele órgão em si ou em uma região mais distante. Esses mensageiros podem ter uma natureza muito variada, quimicamente falando: neurotransmissores produzidos pelos neurônios, citocinas sintetizadas pelas células do sistema imune e hormônios originados em células e glândulas específicas são exemplos de substâncias que tem essa função de orquestrar as atividades do organismo.
No corpo humano, vários órgãos e glândulas são capazes de produzir hormônios, e quando apresentam essa função são chamados de órgãos endócrinos - é daí que vem a especialidade médica do endocrinologista, profissional capacitado para tratar condições que estão relacionadas à produção/atuação dos hormônios. Os órgãos e glândulas dotados de função endócrina estão localizados ao longo de todo o corpo. Talvez você já tenha ouvido falar de alguns, e outros podem não ser tão conhecidos assim.
No cérebro, por exemplo, estão localizados o hipotálamo, a hipófise e a glândula pineal, esta última sendo responsável pela secreção de melatonina, hormônio que induz o sono (já imaginou uma vida sem descanso?); a própria tireóide, que sintetiza hormônios essenciais para que o metabolismo aconteça em um ritmo adequado; estômago, pâncreas e intestino, produtores de substâncias com papel fundamental para a sinalização de fome, saciedade e controle dos nutrientes na corrente sanguínea e nos tecidos; as glândulas adrenais, local onde o cortisol e hormônios relacionados ao controle da pressão arterial são produzidos; os ovários nas mulheres e testículos nos homens, responsáveis pela produção dos hormônios sexuais que, não só fazem se desenvolver as características que diferenciam os sexos, mas são primordiais para o ciclo menstrual e a produção de espermatozoides, que permitem a reprodução; assim como o próprio tecido adiposo, que, além da função de estoque energético, também secreta hormônios que atuam no controle da fome e do gasto energético.
Uma vez que um hormônio é produzido, ele pode atuar no próprio órgão que o sintetizou, em alguma região próxima ou até mesmo viajar por todo o corpo para chegar ao local de atuação. O que controla onde um hormônio vai ser capaz de atuar é a existência ou não de um receptor que o reconheça e permita que ele exerça influência sobre aquela célula específica. Os hormônios geram uma modulação das vias que acontecem nas células e essas sinalizações vão alterando, equilibrando e regulando o funcionamento do organismo.
Todos os sistemas hormonais do corpo atuam para regular quase todas as funções do organismo: sensação de fome, saciedade, emagrecimento, ganho de massa muscular, fortalecimento ósseo, resposta de luta ou fuga, controle dos fluidos corporais, aceleração ou diminuição dos batimentos cardíacos, libido… Tudo isso - e muito mais - é, em algum nível controlado pelos hormônios. Sem eles, o corpo não se desenvolve e não tem o estímulo para exercer correta e coordenadamente as atividades necessárias para o seu equilíbrio.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. Rio de janeiro: Elsevier, 2011
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