
As infecções por COVID-19 tem deixado um rastro de problemas, os quais vão além das sequelas deixadas pela própria doença. Exemplo disso é o uso dos glicocorticoides em pacientes diabéticos.
Esses medicamentos são, até o momento, os mais eficientes para tratar pacientes em estado grave de infecção por SARSCOV-2 (Lembrando que vacina não é um tratamento, mas uma medida preventiva). Isso porque ele age diretamente no principal mecanismo de lesão causada pelo vírus, a inflamação exacerbada causada pela "tempestade de citocinas".
O problema é que altas doses de glicocorticóides exacerbam a hiperglicemia em pessoas com diabetes, promovendo ou uma descompensação. Além disso, em função desse mesmo efeito hiperglicemiante, os glicocorticóides podem precipitar hiperglicemia e diabetes de início recente (comumente denominado "diabetes induzido por esteróides"). Não bastasse o efeito da própria doença em questão, a qual tem sido associada ao aumento da resistência insulínica, as pessoas com predisposição a desenvolver diabetes, ou mesmo os pacientes com diabetes, devem se atentar ao uso dessas drogas.
Conforme diretrizes recentes:
A orientação recomenda administrar doses de correção de insulina análoga de ação rápida quando capilar glicemia > 12,0 mmol/l, com a dose calculada de acordo com o peso do paciente ou naqueles já tratados com insulina, em sua dose diária total de insulina. As doses de correção recomendadas são consideravelmente mais altas do que aqueles usados em nossa diretriz de hiperglicemia anterior, dada o inevitável aumento da resistência à insulina.
Dessa maneira, os pacientes com tal perfil devem receber vigilância adequada de glicose e gestão da hiperglicemia, caso ocorra. E isso vale para outras situações, como uso de glicocorticóides, como dexametasona em casos leves de COVID –um erro por si só– e automedicação de corticoides de forma indiscriminada.
Referências:
RAYMAN, G et al. Dexamethasone therapy in COVID-19 patients: implications and guidance for the management of blood glucose in people with and without diabetes. Disponível em: doi: 10.1111/dme.14378. Acesso em: 26 mar. 2022.
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