Os hormônios são substâncias produzidas por diversas glândulas e órgãos, localizados em diferentes pontos do corpo, desde o cérebro até a região pélvica. Atuam de maneira instrumental no crescimento, metabolismo e manutenção da homeostase, orquestrando diversos processos. A relevância que os hormônios têm na coordenação de respostas fisiológicas, faz com que sua secreção seja finamente regulada, principalmente por mecanismos de feedback: quando há sinalização de baixa quantidade, a produção aumenta; se há demais, a produção diminui.
Em um ambiente saudável, esses mecanismos são fundamentais para que se instale um equilíbrio hormonal, caracterizado pela presença em níveis adequados de todos os hormônios necessários para a homeostase do organismo. Algumas condições autoimunes são marcadas por um desbalanço endócrino, como as que atingem a tireoide, importante glândula localizada na região do pescoço. Mas além disso, existem outras situações que desequilibram a produção hormonal. Pensando nelas, podemos definir alguns importantes fatores de estilo de vida que garantem o equilíbrio dos hormônios.
A manutenção do peso adequado é uma das primeiras bases para manter as taxas hormonais em nível satisfatório. A obesidade é caracterizada por uma série de condições que, em si, já indicam desbalanço hormonal, como a própria resistência à insulina, na qual maior quantidade desse hormônio precisa ser produzida para tentar manter os níveis glicêmicos adequados. Além disso, é comum a instalação de quadros de hipogonadismo em homens com excesso de peso, nos quais uma das características é a diminuição de SHBG, a globulina que faz o transporte de hormônios sexuais pela corrente sanguínea, o que diminui a quantidade de hormônios biodisponíveis.
Nas mulheres com IMC elevado, a infertilidade pode se instalar, devido ao hiperandrogenismo resultante do excesso de insulina. Ambos os sexos, quando em estado de obesidade, também tendem a sofrer com a deficiência na atuação de GH, um hormônio que mobiliza gordura para geração de energia e estimula a síntese proteica. O aumento nos níveis de cortisol, TSH e diminuição de vitamina D são outros exemplos de desequilíbrio hormonal causado pelo excesso de peso.
No extremo contrário, está a baixa disponibilidade de energia, caracterizada por baixos níveis de energia dietética disponíveis para o funcionamento fisiológico normal depois do gasto com exercícios. Nesses casos, acontece uma alteração em níveis de hormônios que controlam o apetite e o controle glicêmico, que tendem a reduzir, ao passo que o cortisol, relacionado ao estresse, aumenta. Isso acontece principalmente em casos de restrição energética, o que nos leva à outra maneira de garantir equilíbrio hormonal: alimentação adequada em quantidade e qualidade, tendo em vista que garantir um cenário livre de estresse oxidativo e inflamação também é importante para a função hormonal.
A prática física, além de ajudar no controle do peso, também altera a resposta do sistema endócrino, como uma forma de auxiliar o organismo a se adaptar às novas necessidades fisiológicas resultantes do exercício. Quando realizado de maneira adequada, o exercício físico tem o potencial de atuar de maneira positiva em aspectos endócrinos, melhorando a funcionalidade de tecidos e órgãos, e consequentemente, trazendo benefícios para a saúde.
Dormir bem: atitude essencial na regulação endócrina. Isso se deve ao fato de que os eixos de produção de hormônios apresentam uma ritmicidade importante para manter a homeostase e estabilizar as funções fisiológicas para lidar com as perturbações externas. Privação e fragmentação do sono são condições reconhecidamente relacionadas à distúrbios hormonais, aumentando o risco de obesidade, diabetes e hipertensão. O aumento do cortisol, diminuição da sensibilidade à insulina, alterações nos níveis de melatonina e na secreção de leptina e grelina (relacionados à fome e saciedade) são alguns padrões observados quando ocorre disrupção do padrão de sono em relação ao ciclo circadiano.
Existem substâncias que têm o potencial de interferir na síntese, secreção, transporte, ligação ou eliminação de hormônios produzidos naturalmente no corpo, o que afeta diretamente as funções por eles reguladas. Esses compostos podem estar presentes nos alimentos, de forma natural ou por acumulação na cadeia alimentar, visto que são produzidos pela indústria e acabam contaminando a água, solo e o ar. Alguns exemplos são o BPA, presente em plásticos; os PCBs, PBBs e as dioxinas, usados em solventes e lubrificantes; os pesticidas e fungicidas, largamente utilizados como agrotóxicos e os parabenos, presentes em cosméticos e roupas. São conhecidos como disruptores endócrinos e é preciso evitar ao máximo o contato com eles.
Apesar das evidências ainda serem limitadas, é promissor o papel da meditação na função endócrina, melhorando a saúde mental.
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