A próstata é uma pequena glândula masculina, responsável por produzir o plasma seminal, o componente do sêmen que serve de “meio de transporte” e nutrição para os espermatozóides. O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum de neoplasias entre os homens, e segundo o INCA, os principais fatores de risco modificáveis para essa condição são excesso de gordura corporal e exposição a compostos tóxicos como aminas aromáticas, arsênio, HPA e outros. Alguns tumores cancerosos na próstata são responsivos ao estímulo de andrógenos, o que suscita cautela no uso de terapias de reposição hormonal em homens, principalmente aqueles com risco elevado.
v Porém, sua evolução inicia cedo, é silenciosa e pode ser confundida com a hiperplasia benigna de próstata, um crescimento do tecido que não oferece riscos. Por isso, vários exames laboratoriais começaram a ser desenvolvidos para avaliar o risco de câncer de próstata.
O biomarcador mais conhecido no rastreamento desse tipo de neoplasia é o PSA, sigla em inglês para antígeno específico da próstata. Esse antígeno é produzido e secretado pelo epitélio da próstata, porém não apresenta uma sensibilidade muito grande para o diagnóstico de câncer porque uma série de outras condições podem aumentar os seus níveis. Antigamente, ao se encontrar um valor alto de PSA (maior do que 4 ng/ml), os homens eram submetidos a biópsias, muitas vezes desnecessárias, causando uma série de prejuízos. Com o passar do tempo, observou-se que esse marcador é mais confiável para acompanhar a evolução do câncer após o diagnóstico. Apesar disso, continua sendo indicado como um teste de rastreamento, devendo estar aliado ao exame de toque. O PSA está presente no sangue na forma livre (fPSA) ou ligada à inibidores de proteases (tPSA). Na presença do câncer de próstata, a forma livre se encontra em menor quantidade (valor baixo para relação psa livre/psa total), por isso geralmente é utilizado quando os níveis do PSA se encontram em um valor entre 4 - 10 ng/ml para confirmar a necessidade de biópsia.
A baixa sensibilidade do PSA fez surgir a necessidade de biomarcadores mais específicos para o diagnóstico de tumores malignos na próstata. Criou-se o “PHI”, Prostate Health Index (índice de saúde da próstata), que combina três subformas de PSA: tPSA, fPSA e proPSA (precursores inativos de PSA). O teste 4k Score também é uma combinação de resultados (tPSA, fPSA, PSA intacto e calicreína humana 2) que gera uma pontuação para classificar o risco de desenvolver câncer de próstata. Ambos testes são considerados opções que reduzem o número de biópsias desnecessárias ao analisar mais do que o simples valor de PSA total.
Na literatura, marcadores urinários também são propostos:
PCA3 (Antígeno do câncer de próstata): marcador excessivamente expresso na maioria dos tumores. O teste é recomendado para homens com mais de 50 anos que apresentam elevados níveis de PSA.
Teste Select MDx: mensura, na urina, a expressão de dois tipos de mRNA relacionados à neoplasia (HOXC6 e DLX1). Os resultados são cruzados com outros dados de fatores de risco (valor de tPSA, idade e histórico familiar); auxilia na detecção de câncer de risco elevado.
Ambos testes devem ser realizados após o exame de toque retal, pois é necessária a “massagem” da próstata.
São várias as possibilidades e a ciência continua na busca de outras mais. Além das propostas de marcadores, o exame de toque retal também é considerado como parte do rastreamento. Dependendo da idade e valores de PSA, o profissional responsável pelo acompanhamento deve proceder à repetição do exame ou utilizar outros testes para avaliar a necessidade de biópsias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Kretschmer, A., & Tilki, D. (2017). Biomarkers in prostate cancer – Current clinical utility and future perspectives. Critical Reviews in Oncology/Hematology, 120, 180–193. doi:10.1016/j.critrevonc.2017.11.
Fujita, K., & Nonomura, N. (2018). Urinary biomarkers of prostate cancer. International Journal of Urology. doi:10.1111/iju.13734
Kohaar, I., Petrovics, G., & Srivastava, S. (2019). A Rich Array of Prostate Cancer Molecular Biomarkers: Opportunities and Challenges. International Journal of Molecular Sciences, 20(8), 1813. doi:10.3390/ijms20081813
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