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  • Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Estrogênio e função muscular

Atualizado: 22 de nov. de 2022


O estrogênio é um hormônio esteroide, conhecido como um dos principais hormônios sexuais femininos (apesar de também circular no organismo masculino, mas em menor quantidade e com reduzida repercussão). Especialmente na sua forma mais ativa, o estradiol, esse hormônio tem importante função no desenvolvimento das características secundárias femininas (aquelas que diferenciam o corpo da mulher do corpo do homem), nos órgãos e na função reprodutiva, mas também é capaz de atuar em outros órgãos e tecidos que possuem receptores para ele.


A saúde óssea é um exemplo de parâmetro que sofre importante influência dos níveis de estrogênio circulantes. O estradiol exerce papel no aumento da densidade mineral dos ossos, deixando-os mais fortes, e isso explica porque os menores níveis desse hormônio, principalmente depois da menopausa, aumentam o risco de desenvolvimento da osteoporose. A hidratação, síntese de colágeno e concentração de ácido hialurônico na pele também dependem, em algum nível do estrogênio, assim como a estimulação da atividade tireoidiana é melhor quando a quantidade de estradiol é adequada. O cérebro é outro órgão que sofre influência da atividade estrogênica, pois possui receptores para esse hormônio, que parece melhorar parâmetros cognitivos de aprendizado e memória, além de, possivelmente, influenciar estados emocionais.


Os músculos esqueléticos compreendem um dos maiores tecidos corporais, podendo equivaler a até 40% do peso corporal total. Esse tecido tem papel nos movimentos, manutenção da postura, assim como também apresenta ações pertinentes ao metabolismo da glicose e dos lipídeos. E o estrogênio possui repercussões no funcionamento e manutenção da massa muscular, o que explica, assim como o que acontece no tecido ósseo, porque mulheres na menopausa estão vulneráveis à diminuição dos níveis e da força muscular, com consequente redução na função motora e maior risco do desenvolvimento de obesidade e prejuízos metabólicos como o diabetes mellitus tipo 2.


O tecido muscular é formado por fibras musculares, que não possuem a capacidade de se dividir para formar novas células. Porém, é possível aumentar a quantidade de proteínas existentes nessas fibras, o que faz aumentar o seu tamanho e força, adaptações que melhoram a função muscular. Mas também existem nos músculos o que chamamos de células musculares satélites, que ficam em um estado “adormecido” e são ativadas quando há necessidade de regeneração muscular, exercendo um importante papel na manutenção e no reparo desse tecido.


O exercício físico é o principal estímulo para a produção de novas proteínas no músculo, gerando adaptações de ganho de força e quantidade muscular. Mas isso acontece em um cenário inflamatório, que, quando exacerbado, pode causar injúrias. O estrogênio apresenta atuação no controle da inflamação, facilitando os processos de adaptação muscular e também aumenta o crescimento das células satélites.


Outra atuação do estrogênio na função muscular diz respeito ao uso de substratos energéticos durante o exercício, o que pode melhorar a performance. Comparativamente aos homens, as mulheres possuem maior quantidade de lipídeos nos músculos esqueléticos, e o estradiol consegue melhorar o metabolismo e utilização desses nutrientes no ambiente muscular, tanto a partir da ativação de enzimas que atuam nesse processo, como também por influência sobre o funcionamento mitocondrial. As mitocôndrias são partes das células responsáveis pela produção de energia, e quando funcionam melhor garantem maior eficiência do tecido em que se localizam e menor vazamento de prótons, reduzindo a formação de espécies reativas de oxigênio que causam estresse oxidativo.


O entendimento da influência do estrogênio na manutenção quantitativa dos músculos, assim como na função muscular, demonstra a importância da necessidade da adequação desses hormônios em todas as fases da vida, especialmente no envelhecimento e pós-menopausa, quando a sua diminuição aumenta o risco não só de dificuldades motoras e posturais, mas também influencia na saúde metabólica.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ikeda, K., Horie-Inoue, K., & Inoue, S. (2019). Functions of estrogen and estrogen receptor signaling on skeletal muscle. The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology, 105375. doi:10.1016/j.jsbmb.2019.105375


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