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Endometriose e adenomiose: o que vocĂȘ precisa saber?

  • Foto do escritor: Dra Maria AmĂ©lia BogĂ©a
    Dra Maria Amélia Bogéa
  • 28 de jun. de 2022
  • 3 min de leitura

A endometriose Ă© uma doença de carĂĄter inflamatĂłrio caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, sendo os sintomas mais clĂĄssicos, de forma geral, a dor pĂ©lvica e infertilidade. Como vocĂȘs sabem, o ciclo menstrual, biologicamente falando, acontece para que possa acontecer a reprodução. Com isso, o corpo da mulher se prepara para ovular e para que aquele Ăłvulo seja fecundado, ou seja, acontece toda uma preparação do ambiente uterino para suportar a gestação.


O endomĂ©trio Ă© a camada que reveste o Ăștero e Ă© estimulada a se proliferar a cada ciclo menstrual para formar a “caminha” onde o feto vai se desenvolver. Mas quando a fecundação nĂŁo ocorre e os nĂ­veis de progesterona e estrogĂȘnio caem abruptamente, a liberação do sangue que chamamos de menstruação Ă© justamente a camada de endomĂ©trio que se formou, mas nĂŁo teve necessidade para sustentar o desenvolvimento fetal.


O que acontece Ă© que, em algumas mulheres, porçÔes desse tecido endometrial chegam a regiĂ”es que nĂŁo o Ăștero e ali se proliferam. O crescimento desse tecido fora da porção uterina comumente acontece na regiĂŁo pĂ©lvica e abdominal. Um dos mecanismos utilizados para explicar a origem da endometriose Ă© a menstruação retrĂłgrada, que explica como as cĂ©lulas endometriais chegaram a essas porçÔes acima do Ăștero, anatomicamente falando. O difĂ­cil de entender Ă© o fato de que uma grande parte das mulheres apresenta menstruação retrĂłgrada mas nĂŁo desenvolve endometriose.


As lesĂ”es endometriĂłticas podem variar em estĂĄgios, indo desde lesĂ”es superficiais atĂ© cistos e nĂłdulos. Quando uma lesĂŁo infiltra > 5 mm no tecido que se encontra, Ă© classificada como endometriose profunda. E Ă© aqui que começa a surgir o entrelace e as dĂșvidas a respeito das diferenças entre a endometriose e a adenomiose.


Por definição, a adenomiose Ă© caracterizada pela presença de “ilhas de tecido endometrial, circundadas por cĂ©lulas musculares lisas hipertrofiadas na regiĂŁo do miomĂ©trio”. O miomĂ©trio Ă© a camada muscular e mais interna do Ăștero. O que acontece Ă© que muitas vezes, as lesĂ”es endometriĂłticas mais profundas podem ser confundidas com a adenomiose, e vice-versa, mas trata-se de condiçÔes que, apesar de algumas similaridades, sĂŁo diferentes na sua fisiopatologia e apresentação histolĂłgica.


Ambas as condiçÔes tĂȘm o crescimento das lesĂ”es estimulado e dependente de estrogĂȘnio. Na endometriose, muitas vezes Ă© feito o uso de progestĂĄgenos como medida clĂ­nica para controlar os sintomas. Assim como na adenomiose, o manejo das dores costuma ser feito com uso de medicamentos e, em alguns casos mais graves, Ă© recomendada a realização de cirurgia para retirada das lesĂ”es. Nessa modalidade cirĂșrgica, a recorrĂȘncia Ă© possĂ­vel e costuma acontecer em muitos casos. Na adenomiose, a histerectomia Ă© a Ășnica cura possĂ­vel, enquanto na endometriose, devido Ă  localização mais diversa das lesĂ”es, ainda nĂŁo existe uma opção para curar a doença. Hoje em dia, modificaçÔes alimentares que permitem reduzir o estado de inflamação corpĂłreo sĂŁo propostas como fundamentais para manejar as dores nessas condiçÔes.


As tentativas de elucidar com mais clareza as diferenças nas causalidades e vias patofisiológicas das duas condiçÔes ainda estão em andamento. Muitos estudiosos, inclusive, consideram ambas como a mesma doença com fenótipos diferentes. Um diagnóstico adequado por exame de imagem é primordial para a correta identificação e decisão do melhor manejo, ou necessidade de realização de cirurgias.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Koninckx, P. R., Ussia, A., Adamyan, L., Wattiez, A., & Donnez, J. (2012). Deep endometriosis: definition, diagnosis, and treatment. Fertility and Sterility, 98(3), 564–571. doi:10.1016/j.fertnstert.2012.07.1061

Gruber, T. M., & Mechsner, S. (2021). Pathogenesis of Endometriosis: The Origin of Pain and Subfertility. Cells, 10(6), 1381. doi: 10.3390/cells10061381

Maruyama, S., Imanaka, S., Nagayasu, M., Kimura, M., & Kobayashi, H. (2020). Relationship between adenomyosis and endometriosis; Different phenotypes of a single disease? European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, 253, 191–197. doi:10.1016/j.ejogrb.2020.08.019

Bulun, S. E., Yildiz, S., Adli, M., & Wei, J. J. (2021). Adenomyosis pathogenesis: insights from next-generation sequencing. Human Reproductive update, 27(6), 1086-1097. doi: 10.1093/humupd/dmab017


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