Dados epidemiológicos sugerem uma associação entre a baixa exposição à radiação
solar e a incidência de doenças autoimunes, tais como esclerose múltipla, doenças
inflamatórias intestinais, psoríase e artrite reumatoide. A vitamina D tem capacidade de se
ligar em diversas células do sistema imunológico, graças a essa ligação a vitamina é capaz de
modular o sistema imunológico nato e inato.
O tratamento de psoríase com suplementos de vitamina D, em doses e intervalos de
tempo específicos, pode reduzir a área afetada e a gravidade da doença. Os pacientes
apresentam melhores resultados quando os níveis séricos da vitamina são mantidos entre 40 -
60ng/ml.
Indivíduos que não apresentam melhora do quadro clínico da esclerose múltipla com
o tratamento convencional podem ter benefícios com a suplementação de altas doses de
vitamina D. Esse tipo de tratamento ainda é relativamente novo e mais estudos estão sendo
desenvolvidos para identificar sua real eficácia.
A suplementação de vitamina D pode reduzir os riscos de desenvolver artrite
reumatoide. Além disso, estudos preliminares sugerem que essa suplementação tem potencial
de reduzir as dores e os inchaços provocados pela doença. Entretanto, mais estudos são
necessários para esclarecer os reais benefícios dessa terapia.
A redução de fadiga e inflamação, a melhora da função endotelial e o aumento dos
níveis de vitamina D em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico pode ocorrer com a
suplementação desse nutriente.
O excesso de vitamina D pode causar fraqueza, náusea, anorexia, dor de cabeça,
cãibra e diarreia. A maioria dos sintomas está relacionada a hipercalcemia (aumento dos
níveis de cálcio no sangue), pois a vitamina D é responsável pelo metabolismo desse mineral
e o excesso de vitamina D predispões o excesso de cálcio. Nos casos mais graves, pode
provocar hipertensão arterial, encefalopatia hipertensiva, cálculos urinários, calcinose
(calcificação de tecidos moles – vasos sanguíneos, rins, coração e pulmão).
A vitamina D é lipossolúvel e pode ser armazenada do tecido adiposo. Por isso,
mesmo após a interrupção da suplementação, os níveis de cálcio podem permanecer altos por
alguns meses, pois a liberação da vitamina para a corrente sanguínea ocorre de forma gradual.
Nas doenças autoimunes, os benefícios da suplementação estão relacionados à
capacidade da vitamina D inibir a autoimunidade. Entretanto, esse tipo de suplementação
deve ser feito apenas com acompanhamento médico e nutricional, de modo a evitar a
hipercalcemia.
É importante lembrar que os pacientes que utilizam essa suplementação
precisam dosar os níveis de cálcio e de vitamina D no sangue rotineiramente (a cada 3 meses
aproximadamente). Nos casos de doses muito elevadas de vitamina D, é necessário restringir
o consumo de cálcio para evitar hipercalcemia.
Referências:
Charoenngam N, Holick MF. Immunologic Effects of Vitamin D on Human Health and
Disease. Nutrients. 2020 Jul 15;12(7):2097. doi: 10.3390/nu12072097. PMID: 32679784;
PMCID: PMC7400911.
Sassi F, Tamone C, D'Amelio P. Vitamin D: Nutrient, Hormone, and
Immunomodulator. Nutrients. 2018 Nov 3;10(11):1656. doi: 10.3390/nu10111656. PMID:
30400332; PMCID: PMC6266123.
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