A dieta cetogênica é utilizada há décadas no tratamento de epilepsia para pacientes que não apresentam melhoras com o uso de anticonvulsivantes. Nos últimos anos, essa abordagem vem sendo estudada para o tratamento de outras doenças, tais como: câncer, transtorno de ansiedade, síndrome do ovário policístico (SOP), obesidade e esclerose múltipla.
A capacidade de remodelar, de maneira benéfica, a microbiota intestinal é uma das hipóteses que justificam os benefícios terapêuticos da dieta cetogênica, especialmente nos distúrbios neurológicos. Sendo assim, podemos afirmar que a dieta cetogênica é capaz de manter o nosso intestino saudável. Certo? NÃO. Afinal, a saúde do nosso intestino depende da qualidade da nossa alimentação e não da quantidade de corpos cetônicos que temos no sangue.
Para manter a sua saúde intestinal utilizando esse tipo de estratégia nutricional, você precisa:
a) evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras trans, corantes e outros aditivos alimentares;
b) evitar o consumo de adoçantes. Isso não quer dizer que você deve utilizar açúcar comum ou qualquer outro tipo. Você pode aprender a saborear os alimentos da forma mais natural possível. O adoçante do café, por exemplo, pode ser retirado gradativamente. Experimente apreciar o real sabor dos alimentos!
c) consumir a quantidade adequada de ômega-3, suplementando se for o caso. Salmão, atum e sardinha são exemplos de alimentos ricos em ômega-3. Além de ser um poderoso anti-inflamatório, esse nutriente auxilia na manutenção da integridade intestinal.
d) reduzir o consumo de ômega-6, presente nos óleos vegetais (soja, milho, girassol), que tem características inflamatórias e, quando consumido em excesso, predispõe a piora da microbiota e aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
d) introduzir na alimentação alimentos e bebidas fermentados. Esses alimentos têm potencial para melhorar a microbiota intestinal.
Certamente, é possível fazer dieta cetogênica e manter ou até mesmo melhorar a saúde intestinal. Entretanto, para isso, é necessário priorizar alimentos naturais e entender que nem todo alimento que é pobre em carboidrato é um alimento saudável.
Cabrera, M. A.; et. al. Keto microbiota: A powerful contributor to host disease recovery. Rev Endocr Metab Disord. 2019 Dec;20(4):415-425. doi: 10.1007/s11154-019-09518-8. PMID: 31720986; PMCID: PMC6938789.
PAOLI, A.; et al. “Ketogenic Diet and Microbiota: Friends or Enemies?” Genes vol. 10,7 534. 15 Jul. 2019, doi:10.3390/genes10070534.
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