A obesidade continua sendo um grande problema de saúde em todo o mundo, com uma série de consequências vasculares, metabólicas e psicossociais. Indivíduos com sobrepeso ou obesos têm um risco aumentado de desenvolver diabetes, doença coronariana e hipertensão. As projeções para 2030 são ainda mais preocupantes, indicando que 57,8% da população adulta mundial apresentará excesso de peso.
Devido à taxa de insucessos e complicações oriundas das terapias atualmente empregadas no controle da obesidade, os outros tipos de recursos terapêuticos estão sendo estudados. Com base nos avanços na área da modulação encefálica e crescente domínio da neuropsiquiatria, uma nova alternativa para o tratamento de indivíduos obesos surgiu a partir da técnica de neuromodulação hipotalâmica, com o intuito de atuar diretamente nos núcleos responsáveis pela fome e saciedade.
A leptina é um polipeptídeo produzido pelo tecido adiposo branco e secretado na circulação sanguínea em níveis proporcionais à massa deste tecido. Ela atravessa a barreira hemato-encefálica e se liga ao seu receptor (ObR ou LepR), localizado no hipotálamo. Os neurônios que expressam os receptores estão localizados principalmente em dois núcleos hipotalâmicos: o ventromedial, com funções anorexígenas e pró-termogênicas, e o hipotálamo lateral, com funções orexígenas e anti termogênicas.
Outro hormônio com importante papel na fisiologia da obesidade é a insulina, que é produzida pelas células β do pâncreas e secretada tonicamente, com incrementos durante as refeições, sendo a secreção basal e a secreção estimulada pela glicose diretamente proporcionais à adiposidade. A insulina também é transportada pela barreira hematoencefálica e age em receptores expressos predominantemente no hipotálamo. Além da função clássica na regulação do metabolismo da glicose, esse hormônio possui ações centrais no controle do balanço energético semelhantes às da leptina, ou seja, em contraste com seus efeitos anabólicos sobre tecidos periféricos, sua ação hipotalâmica produz efeitos catabólicos. Ainda existe uma relação entre as vias da leptina e da insulina: a atividade da leptina no hipotálamo é modulada positivamente pela insulina e vice-versa.
A neuromodulação hipotalâmica é uma técnica experimental que vem sendo apontada como uma alternativa promissora às cirurgias bariátricas no tratamento da obesidade. Com o emprego desse moderno procedimento cirúrgico, têm sido obtidos bons resultados, com menor número de falhas terapêuticas e proporcionando melhor qualidade de vida pós-operatória aos pacientes, com menos complicações e riscos. É notória sua estreita relação com os diversos mecanismos presentes na fisiopatologia da obesidade, como fatores psíquicos envolvendo as compulsões alimentares e mediados pelo sistema límbico e fatores neuroendócrinos, sobre os quais a cirurgia bariátrica não atua.
Referências:
SANTOS, Lizandra Soares; SILVA, Maisa; Efeitos da auriculoterapia na compulsão alimentar. Revista Saúde em Foco; Edição nº 11; Ano: 2019.
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